sábado, 30 de abril de 2011

Freud e o Homem dos Ratos -TOC - perguntas e respostas - parte 7

PERGUNTAS E RESPOSTAS


Pergunta: Por que somente recentemente reconheceu-se a característica progressiva dos Transtornos Obsessivos Compulsivos?
Resposta: Os pacientes que sofrem de Transtornos Obsessivos Compulsivos são em geral discretos quanto aos seus sintomas obsessivos e compulsivos; eles preferem ocultá-los a procurar ajuda.
Os sintomas obsessivos compulsivos são habitualmente egodistônicos, ou seja, o paciente reconhece que eles não têm sentido ou que são exagerados. Portanto, eles sentem vergonha. Em outros pacientes, envolvendo um grande número de casos, as obsessões têm um caráter de dano infligido a outros; ela é, portanto, mais difícil de ser revelada. 

Pergunta: Nos pacientes que sofrem de Transtornos Obsessivos Compulsivos qual é o risco de sofrerem outros tipos de transtornos?
Resposta: Aproximadamente 70 a 80% dos pacientes afetados por Transtornos Obsessivos Compulsivos também sofrem de depressão. Vários deles poderiam ser tratados de depressão ou de outros fenômenos secundários aos Transtornos Obsessivos Compulsivos, tais como uma irritação da pele, sem revelarem a origem dos seus problemas, salvo se lhe fossem feitas perguntas específicas. É, portanto, muito útil discutir os pensamentos obsessivos ou necessidades compulsivas com um médico. 

Pergunta: Todos os pacientes que sofrem de Transtornos Obsessivos Compulsivos apre-sentam simultaneamente sintomas obsessivos e compulsivos?
Resposta: A maioria dos pacientes apresentam simultaneamente sintomas obsessivos e compulsivos. Alguns apresentam somente obsessões ou compulsões. 

Pergunta: As pessoas que sofrem de Transtornos Obsessivos Compulsivos são conscientes do caráter anormal de seu comportamento?
Resposta: Em geral, as pessoas que sofrem de Transtornos Obsessivos Compulsivos são efetivamente conscientes da irracionalidade de seu comportamento. Essa consciência in-duz a um sentimento de medo que os outros as tomem como "loucas". Elas guardam em segredo seus sintomas, o que explica sua reticência em procurar ajuda médica.
Pergunta: Qual é a diferença entre um comportamento compulsivo e o perfeccionismo?
Resposta: Não se pode confundir os Transtornos Obsessivos Compulsivos e a "precisão" positiva, que é a marca dos níveis de exigência no trabalho ou nas horas de lazer. O "perfeccionista" acha que cada um deveria cumprir seus níveis de exigência, enquanto que a pessoa portadora de Transtornos Obsessivos Compulsivos se dá conta que suas obsessões e/ou suas compulsões não tem sentido, que elas são exageradas; esta pessoa sonha em ver-se livre desses transtornos. A necessidade de perfeccionismo é diferente das ob-sessões e dos rituais que acompanham os Transtornos Obsessivos Compulsivos, uma vez que estes últimos destroem a vida da pessoa. 

Pergunta: São conhecidas todas as causas dos Transtornos Obsessivos Compulsivos?
Resposta: Tempos atrás se acreditava que os Transtornos Obsessivos Compulsivos envolviam uma afecção de ordem psicológica ligada a atitudes enraizadas na infância, por exemplo a importância excessiva dada ao asseio. Entretanto, foi relatado recentemente que os pacientes portadores de Transtornos Obsessivos Compulsivos reagem bem a um determinado grupo de medicamentos, demonstrando que essa doença é atribuída a uma causa neurobiológica. Acredita-se que o fator-chave desta doença seria neurotransmissor chamado "serotonina", isto é, uma substância naturalmente presente no cérebro e que atua na transmissão dos impulsos nervosos. Estudos recentes que utilizaram uma técnica que avalia como funciona o cérebro, demonstraram que os pacientes que sofrem de Transtornos Obsessivos Compulsivos apresentam esquemas de atividade cerebral diferentes dos observados em indivíduos normais ou pessoas que sofrem de outros tipos de transtornos psiquiátricos. Trata-se de mais uma evidência em favor de uma causa biológica dos Transtornos Obsessivos Compulsivos. 

Pergunta: A depressão pode provocar a manifestação de Transtornos Obsessivos Compulsivos? 
Resposta: Dada a incidência elevada de depressão em pessoas portadoras de Transtornos Obsessivos Compulsivos, há muito se pensava que os Transtornos Obsessivos Compulsivos se desenvolviam tendo como causa a depressão. Agora, se acredita que, na grande maioria dos casos, a depressão é que se segue aos Transtornos Obsessivos Compulsivos e é considerada uma complicação da doença e esses dois tipos de transtornos devem-se a diferentes causas neurobiológicas. 

Pergunta: Os Transtornos Obsessivos Compulsivos são uma doença familiar?
Resposta: O método de avaliação não revelou tratar-se ou não de uma doença hereditária, embora haja indícios de que ela pode ser produzida em gerações sucessivas de uma mesma família. 

Pergunta: Os Transtornos Obsessivos Compulsivos podem ser facilmente diagnosticados?
Resposta: Sim. De 10 anos para cá, passamos a conhecer cada vez mais a natureza e o reconhecimento dos Transtornos Obsessivos Compulsivos e, portanto, esse tipo de trans-torno tornou-se mais fácil de diagnosticar. Entretanto, ele não poderá ser reconhecido sem que o paciente discuta com o seu médico, de maneira completa e aberta, os seus pensamentos obsessivos e seus comportamentos compulsivos. 

Pergunta: Os Transtornos Obsessivos Compulsivos podem desaparecer sem tratamento? Resposta: Para a maioria dos pacientes, considera-se que os Transtornos Obsessivos Compulsivos sejam um problema crônico. A afecção habitualmente já existe há vários anos, ainda que os sintomas obsessivos compulsivos variem em gravidade. Entretanto, uma pequena proporção de pacientes não têm mais que um único episódio. Os medicamentos associados a uma terapia comportamental oferecem as melhores perspectivas para esses pacientes.
Pergunta: Em que consiste a terapia comportamental para o combate aos Transtornos Obsessivos Compulsivos?
Resposta: A terapia comportamental baseia-se em programa estruturado, adaptado às necessidades individuais do paciente para combater seus rituais. A terapia comportamental imprime maior ênfase sobre os sintomas do que sobre as causas supostas. Seu alvo é mudar o comportamento do paciente no sentido de incentivá-lo a enfrentar seus temores (exposição) e depois a esforçar-se em se livrar de seus rituais compulsivos (prevenção da resposta). Na maioria dos casos, uma medicação anti-obsessiva pode reduzir os sintomas a um nível que permita agregar em seguida a terapia comportamental ao tratamento. 

Pergunta: Qual é a duração normal do tratamento?
Resposta: Serão necessários cerca de dois meses para que se possa evidenciar um efeito benéfico nos pacientes tratados com medicamentos. É preciso ainda um tempo mais prolongado para que se possa observar os efeitos máximos. Ainda que não se tenha certeza de qual deverá ser a duração do tratamento, o caráter crônico dos Transtornos Obsessivos Compulsivos significa que, habitualmente, não se deve tentar diminuir a posologia ou inter-romper o tratamento antes de decorrido pelo menos um ano. 

Pergunta: O que é possível fazer para tratar os pacientes que sofrem episódios ocasionais de Transtornos Obsessivos Compulsivos e de depressão?
Resposta: Felizmente, todos os medicamentos eficazes contra os Transtornos Obsessivos Compulsivos são igualmente eficazes contra a depressão (em contra-partida, nem todos os antidepressivos são eficazes contra os Transtornos Obsessivos Compulsivos). Portanto, quando as duas afecções são concomitantes, os medicamentos anti obsessivos cuidarão de ambas.
Pergunta: Se você sofre de Transtornos Obsessivos Compulsivos, o que pode fazer? 
Resposta: PRIMEIRO, esteja ciente de que você não é o(a) único(a)! Uma pessoa em cada 50 sofre de Transtornos Obsessivos Compulsivos, e está mais que provado que as obsessões e as compulsões dessa pessoa são idênticas às suas. SEGUNDO, saiba que você não está a caminho de perder o juízo ou não poder sair mais dessa, que não deve ter nenhuma vergonha por sofrer de Transtornos Obsessivos Compulsivos. Conscientize-se da natureza real de suas obsessões e de suas compulsões; elas são resultantes de um distúrbio bioquímico sobre o qual você não tem nenhuma responsabilidade. TERCEIRO, discuta seus sintomas, de maneira completa e aberta, com o seu médico, que os conhece muito bem, que os leva a sério e que pode tratá-los de maneira eficaz. QUARTO, siga rigorosamente o seu tratamento, mesmo que efeitos secundários às vezes desestimulantes venham a ocorrer no início. Várias semanas podem se passar até que o tratamento comece a demonstrar sua eficácia. QUINTO, procure ser ativo, passe algum tempo fora de casa. Se você enfrentar seus temores e tentar não ceder aos seus comportamentos compulsivos, isso o ajudará a diminuir os efeitos dos Transtornos Obsessivos Compulsivos sobre sua vida. 

Pergunta: O que você pode fazer para ajudar uma pessoa que sofre de Transtornos Obsessivos Compulsivos?
Resposta: PRIMEIRO, não culpe essa pessoa. Os Transtornos Obsessivos Compulsivos não têm nada a ver com uma falta de força de vontade, e a pessoa não tem a intenção de perturbar a sua vida. SEGUNDO, incentive ativamente a pessoa sofredora de Transtornos Obsessivos Compulsivos a procurar a ajuda de um profissional, ofereça apoio aos seus esforços em querer tratar a afecção. TERCEIRO, domine a reação de implicância com as obsessões e as compulsões da pessoa, pois isso nada mais fará que reforçar esses com-portamentos. Existem outras maneiras de mostrar que você está preocupado(a) e toca-do(a) pelo problema sofrido por essa pessoa. QUARTO, tente reduzir a influência dos
comportamentos compulsivos adotando relações normais com a pessoa que sofre de Transtornos Obsessivos Compulsivos. QUINTO, elogie todos os sucessos, ainda que limitados, obtidos por essa pessoa em sua luta contra os sintomas.


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