sábado, 30 de abril de 2011

Freud e o Homem dos Ratos - TOC - parte 2

Obsessão como defesa reativa:

O sintoma obsessivo funciona como se o perigo estivesse constantemente presente exigindo do indivíduo uma sistemática defesa contra ele.
A anulação de certa forma está ligada à formação reativa. Isto ocorre por exemplo, nos atos compulsivos, onde o segundo ato é a inversão do primeiro. Na repetição com intenção diferente. Essas repetições teriam o objetivo de anular o sentido inconsciente real do ato, dando-lhe um significado oposto.
A aparente falta de afeto do obsessivo baseia-se num isolamento. No obsessivo o amor não extingue o ódio, mas apenas o mantém no inconsciente onde a consciência não o percebe.
Esta singular constelação da vida amorosa parece ter sua condição em uma dissociação muito primitiva, acontecida no período infantil dos dois elementos antitéticos, com repressão de um deles, principalmente do ódio.
A obsessão é sempre desagradável - não existem obsessões agradáveis -, sempre suja e, entretanto, o prazer que o sujeito tem a considerar e reconsiderar o tema obsessivo que paralisa toda decisão e toda atividade, é muito claro. A obsessão vincula no ir e vir do pensamento como o objeto anal no ventre.
No obsessivo, parece estabelecer uma ruptura definitiva entre o ser (identidade) e o ter (objeto), tanto ao nível de mundo interno quanto em relação ao mundo externo. Para ser assim considerado deverá ser mantido um hiato permanente entre os dois, como sói ocorrer na derriça conjugal. Ser mumificado para eternizar os defeitos e mostrá-los a todos. O terror à decomposição, não propriamente à morte ou ao cadáver, revela a necessidade de se fixar, mesmo à custa de se cadaverizar. Não suporta os estágios intermediários – e a vida é exatamente esse estágio entre duas “certezas” (nascimento e morte). Precisa viver sob o pensamento da morte para evitar ser surpreendido. O pensamento desenvolve-se satisfatoriamente durante o contato íntimo com a mãe na lactação; se houver por parte maternal, amor e reverie formar-se-ão bons pensamentos; caso contrário, se a mãe não for amorosa, afetuosa e não ter reverie suficiente, o bebê poderá ter pensamentos agressivos dos mais variados tipos chegando até prejudicar no futuro, a função mental. Ao se formarem, os pensamentos constituem também as fantasias sexuais cujos aparecimentos podem-se dar posteriormente, seja na infância, adolescência ou idade adulta, revelando persistência da certas impressões existentes no primitivismo cerebral. A perver-são se origina, portanto, durante a lactação. Se o bebê não receber reverie e nascer com insuficiência ontológica, com má estrutura do cérebro reptíliano, poderá causar uma defesa precoce da formação do pensamento e, no adulto, a perversão sexual (sexualidade destrutiva, fetichismo ou transexualismo) e principalmente uma agressividade do tipo obsessivo contra a sociedade.
São freqüentes os conflitos sexuais na personalidade obsessiva e dos mais variados tipos de perversões. Quanto maior a rejeição da mãe nos primeiros períodos de molde, maior destrutividade no ato genital quando adulto. Mãe hostil levaria, com mais freqüência, ao coito sádico e orgasmo precoce, orgasmo somente clitorídeo, fetichismo, estupro, pedofilia etc., Murphy et al.(1987in: 32) verificaram que além da testosterona, o aumento de vasopressina e oxitocina durante o orgasmo tanto em animais como no homem gera maior agressividade ao ato. Pasmem, só este fenômeno tão agressivo transforma o ato de amor em “sexo objeto” tão prejudicado a nossa civilização.

Repetição Compulsiva  

A repetição compulsiva é ansiedade, associada a uma dependência do objeto primário, que reativa a mais arcaica situação de inveja. O ódio e a ambivalência resultante desta situação - que, inevitavelmente, se converte em culpa e depressão - torna-se intolerável. A repetição parece sobrepor o princípio do prazer. Na doença do neutro, o paciente necessita repetir a sensação de ser abandonado novamente, usando toda a sua agressão contra o analista: a necessidade de ser abandonado mais uma vez (Miller de Paiva, 1994)(26).

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