sábado, 30 de abril de 2011

Freud e o Homem dos Ratos - TOC - parte 3

Mecanismo etiopatogênico das obsessões e tratamento:

Qualquer sentimento pode ter manifestação bioquímica, podendo não ser perceptível pelos métodos atuais de pesquisa. Anos atrás somente a emoção era considerada como produtora de manifestações bioquímicas, das quais resultavam a taquicardia, dispnéia, sudorese, etc.; todavia, estes sentimentos, acarretando alterações enzimáticas, hormonais, quando constantes, podem produzir alterações patológicas, como sói ocorrer na aterosclerose, hipertensão, câncer (certos tipos), doenças auto-imunes, etc. Aliás, neurônios cerebrais através da tomografia computadorizada “high-speed” digital eletrônico mostravam como os alucinógenos podem causar alterações estruturais o que vem confirmar a fragilidade do ego. Parece que certos obsessivos “esclerosam” as sinapses, daí a sua “poda” prejudica a saúde (ela deve ser corrigida quanto antes). Por este mecanismo psicopatológico é que podemos explicar a dificuldade de melhoras dos sintomas obsessivos e principalmente diante dos cerimoniais repetitivos na política, na religião e na ciência.
De maneira sumária, o mecanismo psicopatológico na ansiedade seria: os conflitos conscientes e inconscientes atuariam através do cérebro visceral, principalmente pelo cérebro reptiliano, amídala do hipocampo, núcleos do tronco cerebral e do prosencéfalo (que liberam monaminas e peptídeos) através dos circuitos de Papez e sistema retículo-endotelial, que acabam alterando o modo de processamento de inúmeros outros circuitos cerebrais desencadeando determinados comporta-mentos (Damásio,2000 in:32) por estimular hormônios e sintomas do simpático e do parassimpático, o primeiro para a “luta ou fuga” por intermédio das norepinefrina e epinefrina, e o segundo para as defesas regressivas e de conservação, principal-mente por meio dos neuropeptideos Achados recentes (Miguel,1996 in:32) mostram aumento da oxitocina no T.O .C. e ausência do aumento da arginina-vasopressina. Por sua vez, todas estas substâncias voltariam ao cérebro, principalmente ao sistema límbico, às zonas pré-frontais e TOP, produzindo parte dos sintomas ansiosos e
obsessivos. É a perda de segurança e de controle, acarretando “o medo de ter me-do”, levando-o a evitar entrar em contato com o objeto perigoso.
O neurótico obsessivo, principalmente quando portador de pânico, apresenta um ego esburacado por ter faltado como já vimos, a matriz de confiança materna acarretando um frágil centro de sustentação.
Por deficiência de reverie da mãe não há sustentação básica interna, mas o próprio centro de sustentação é também, deficiente, pois ele se ataca fragmentando seu self.
Grotstein (1991in:32) fala em cimento de sustentação. A personalidade do obsessivo é frágil e não suporta as emoções saturadas de violência por sentirem como sinais de catástrofe, motivo pelo qual os obsessivos abandonam com freqüência a terapia.
A confirmação desamparo (realidade catastrófica) à impossibilidade de lidar com o processo de viver; quanto maior for o contato emocional, maior será o esvaziamento, pois a dor mental sentida seria como fosse explodi-lo ou implodi-lo, sendo maior o seu esvaziamento, é a poda das sinapses (pruning). A sua parca resistência é por ter tido a vida inteira insuficiência ontológica o que acaba por enfraquecer o seu cérebro reptilíneo. Por vezes, como defesa, necessita a paralisação da mente e até do corpo - é a ruptura com a vida, a morte em vida ou o morto-vivo ou doença do neutro.
O terapeuta deve fornecer muito Eros terapêutico, afeto, carinho, reverie, principalmente segurança afetiva - aquilo que os seus pais não lhe deram, porém utilizando-se sempre da educação baseada em “mão de ferro em luva de pelica” aonde não deve haver agressividade e, evidentemente, associando-se às drogas psicoterápicas (tricíclicas, benzodiazepinas, fuvoxamina, sertralina e atualmente a olanzapina, a risperidona e aripiprazol). Só assim enfrentaremos os conflitos profundos do paciente: a sua insatisfação pela vida, sua indiferença, doença do neutro, a autodestruição, neurose de sucesso, o caos, o sem sentido, a aspiração do nada, o niilismo. Outrossim, evitaríamos a pulsão destruidora, tal como no caso do escorpião que pediu auxilio ao sapo para atravessar o rio: “mas você prometeu não me picar...”
“Eu não posso fazer nada, é o meu instinto”! O mesmo se passa com o povo impe-rialista e conquistador...
Precisamos combater o instinto de morte. Tudo isto pode ser tratado pelo bom senso humano também, além da técnica psicanalítica evitando nesta a transferência misconceptiva que é de importância capital, na qual se acentua o aparecimento do “holding winnicottiniano”, o aumento da sustentação grotsteiniano e do “portance” de Quinodoz (1993 in:32), que é a capacidade de suportar e elaborar a angústia de sepa-ração, isto é, perdoar, realmente, os pais pelas fantasias inconscientes que existi-ram e tornaram o “hominidae” infeliz. Por outro lado, encontrar e enfrentar a matriz mais profunda de tal necessidade basilar da espécie humana como suporta ao me-do, ao temer de alguma coisa mais primitiva, anterior ao que foi recalcado, segundo os conceitos de Ferro (1998 in:32) e de Bion (1979in:32, )2,3 quanto a existência na psi-que de “ medos sub-talâmicos”.
Pelos conhecimentos antropológicos, farmacológicos (aplicação eficaz das drogas) e grupanálise, precisamos também da ciência sociológica. É evidente a im-portância do estado de saúde do cérebro reptiliano e ainda mais a repetição compul-siva no cão quando se joga algo e ele traz de volta, inúmeras vezes; ele, cão; deixa-rá de trazer se dermos a fluoxetina pois tonificará seu cérebro reptiliano. Poder-se-ia pensar em prescrever os fármacos para toda a humanidade para assim evitarmos os conflitos, guerras etc, pois fortaleceríamos os neurônios e suas sinapses! Esta atitude seria ilusória; todavia, se pudéssemos educar os pais para que os filhos tivessem bons pensamentos, talvez poderíamos evitar o fim da nossa civilização, principal-mente se surgisse concomitantemente, um novo líder espiritual, com grande poder carismático.
Outrossim, se evitássemos as obsessões existentes na humanidade, decorrentes de excesso de culpa por simples fantasias inconscientes como sói ocorrer nas atitudes dos religiosos sejam católicos, evangélicos ou muçulmanos (identificando com Jesus para se purificarem, o que é útil, mas que exageram as verdades da Bíblia utilizando suas interpretações metafóricas); os judeus religiosos seguindo, por fatores inconscientes, o ensinamento de defender a Terra Santa através do mito de Canaã (pois poderiam construir o Estado de Israel no Quênia ou no Amazonas e
deixar a capital na Palestina), mas persistem masoquisticamente a voltar ao espaço de terra dito pelos seus ancestrais, finalmente, os pensamentos obsessivos evitados não haveria as mortes de pessoas em revoltas, como em Belfast ou no Afeganistão.
Assim teremos o predomínio do Amor e da Virtude Moral devido ao conheci-mento das verdadeiras causas da Ekypirosis, que são as fantasias inconscientes destrutivas que precisam ser evitadas pela educação(32).

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